Especialistas apontam cenário de estabilidade econômica para 2026 e sugerem cautela

Arte sobre foto de Marcos Santos/USP Imagens

Economistas orientam a população a organizar o orçamento, evitar dívidas caras e buscar aplicações simples e de baixo risco

 

O ano de 2026 já está batendo na porta e é hora de pensar no bolso. O que esperar da economia no próximo ano — e o que cada um de nós pode fazer para cuidar melhor do dinheiro? Depois de um 2025 de recuperação moderada, com inflação sob controle e leve avanço no emprego, o grande desafio será manter o crescimento diante de um cenário global incerto — marcado por tensões geopolíticas, desaceleração da China e transição energética acelerada.

O economista Paulo Feldmann, professor do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, faz um balanço do que foi o ano que está terminando. A expectativa do professor de Economia da USP para 2026 é de que seja um ano bem parecido com o atual, com uma taxa baixa de crescimento em função da alta inflação, com estimativa de 4% de inflação ao ano.

Os alimentos continuam impactando o dia a dia da dona de casa, apesar da queda na inflação. A previsão de boa safra para 2026 deve reverter esse quadro. O emprego deve continuar em alta, mas na informalidade sem os direitos trabalhistas necessários. Além disso, 2026 promete um grande desafio para o governo federal, o controle dos altos juros, gerando uma expectativa negativa para investidores estrangeiros.

Paulo Feldmann – Foto: FEA-USP

PIB deve crescer

Os analistas apostam que o PIB brasileiro deve crescer algo em torno de 2% em 2026, impulsionado pelo agronegócio, exportações de commodities e investimentos em infraestrutura. Outro ponto de atenção é a política monetária. O Banco Central deve manter juros em níveis baixos, para incentivar o consumo e o crédito, mas qualquer desequilíbrio nas contas públicas pode mudar essa rota.

Na prática, 2026 promete ser um ano de ajustes finos — equilibrar as contas, estimular o investimento e manter o País no rumo da previsibilidade. Em resumo, 2026 pode trazer oportunidades, mas o segredo continua o mesmo — organizar o orçamento, evitar dívidas caras e fazer o dinheiro trabalhar por você.

O professor da FEA-USP destaca que “o Brasil continua tendo um problema sério, que é o de crescimento de voo de galinha, como nós chamamos. O Brasil quando cresce, cresce 3%. Muito diferente dos países asiáticos, por exemplo, que crescem a taxas de 8%, 9%, 10% ao ano. Mas para o País ter esse crescimento maior, precisa de um plano, precisa de uma política industrial, precisa definir o que quer fazer no longo prazo, o que absolutamente não se sabe”, avalia.

Feldmann finaliza com o exemplo do caso da Petrobras e a exploração de petróleo na bacia amazônica. “O Brasil vinha falando que era o grande líder da energia limpa, que ia extinguir o petróleo no médio prazo, que ia usar só fontes renováveis. De repente, tudo muda e o Brasil resolve investigar se há petróleo na Amazônia.”


Sandra Capomaccio – Jornal da USP